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segunda-feira, 18 de julho de 2016

[saúde] Regra de comer de três em três horas para emagrecer é mito

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Quem quer perder peso e já consultou um nutricionista ou nutrólogo, provavelmente, ouviu a máxima: para uma boa dieta, é preciso comer de três em três horas. A regra, porém, ganhou status de mito. Se antes se dizia que era preciso fazer várias pequenas refeições ao longo do dia para manter o metabolismo acelerado, estudos recentes afirmam que a frequência com que se come pouco tem a ver com a perda de peso — o mais importante, nesse caso, é o que se come. A nova descoberta tem o aval de especialistas.

— É importante a pessoa comer quando estiver com fome. E isso é algo muito individual, vai depender do metabolismo e da genética de cada um. O que vale para um pode não valer para outro, tem gente que vai comer três vezes por dia e se sentir satisfeito — diz a nutróloga Tamara Mazaracki. — Muita gente chega ao meu consultório se sentindo culpada porque não consegue comer toda hora. Eu digo: parem, respeitem seus organismos.

Segundo a médica, o processo de digestão até acelera o metabolismo no organismo, mas é algo irrelevante, que não chega a contribuir para a perda de peso. E comer tantas vezes por dia pode até ter o efeito inverso: um estudo holandês de 2012, conduzido pela Universidade de Maastricht, mostra que quem come muitas vezes ao dia pode elevar os níveis de glicose no sangue, se comparado àqueles que consomem menos refeições.

— As pessoas começaram a comer demais e, com isso, perderam a mão. O mais importante numa dieta é fazer uma alimentação saudável, balanceada, e eliminar as besteiras, tipo batata frita — acrescenta Tamara.

Mesmo sabendo o que apontam as pesquisas recentes, a nutricionista Gabriela Maia acredita que o mantra da alimentação a cada três horas ainda é válido para pessoas mais ansiosas:

— Se ela for esperar a fome chegar, pode gerar uma compulsão. Na hora em que vir um prato, vai comer demais, e isso pode acabar descontrolando a dieta. Mas, se for um paciente mais controlado, com percepção da quantidade de comida que deve servir, não tem problema fazer menos refeições.

A nutricionista, porém, não aconselha a fazer menos que quatro refeições por dia.

— Além de café da manhã, almoço e jantar, eu aconselharia, pelo menos, um lanche à tarde. Hoje em dia, a gente janta muito tarde. Ficar do almoço até o jantar sem comer é exagero — sugere.

Acostumada a ouvir dos nutricionistas que precisava comer a cada três horas, a arquiteta Caroline Brasileiro, de 23 anos, ficou surpresa com a mudança — mas manteve o hábito:

— Sempre ouvi que era preciso esse intervalo de três horas para comer. Acabei me acostumando com o esquema. Mas como pouco a cada refeição, provavelmente por isso fico com fome muito rapidamente. Da última vez que fui a uma nutricionista, ela disse que estavam surgindo pesquisas desmentindo essa teoria, o que me surpreendeu bastante, já que dez entre dez nutricionistas recomendavam isso.

Defesas do ‘outro lado’

Além do argumento do metabolismo, outra questão que embasa a teoria que prega a necessidade de se comer de três em três horas é a produção hormonal do corpo.

— Com fome, você começa a liberar cortisol, que é o hormônio do estresse. Para o paciente ansioso isso é muito prejudicial. Além disso, ficar muitas horas sem comer pode gerar hipoglicemia, e a pessoa sente tontura, tremores — explica Gabriela. — Por isso, é preciso analisar caso a caso, depende do paciente.

Outra defesa da regra se apoia na ancestralidade. Se passar muito tempo sem comida, o cérebro tende a “guardar” a glicose, por medo de o organismo passar necessidade como antes, diz a teoria.

— Antigamente, o homem das cavernas não tinha comida disponível o tempo inteiro, por isso, esse artifício. Mas, hoje em dia, a gente tem comida disponível o tempo todo. Esse é o problema — diz Gabriela.

Para manter a saciedade

PROTEÍNA — A proteína aumenta a sensação de saciedade, logo, diminui a vontade de comer a toda hora, diz a nutróloga Tamara. Já o carboidrato tem o efeito contrário no organismo: ele estimula um pico de insulina, gastando rapidamente a glicose que está circulando.

GORDURA — Para uma dieta equilibrada, não dá para abrir mão nem da gordura. Tem que substituí-la pela gordura boa — como, por exemplo, azeite na salada, semente oleoginosa, peixes ricos em gordura. “Não adianta nada comer um frango seco, sem gordura nenhuma. Isso não emagrece”, afirma Tamara.

ÁGUA — Beber água e manter o corpo hidratado ajuda a manter a saciedade. “Logo, a pessoa sentirá menos fome”, aconselha Gabriela.

OVOS —Uma boa dica, segundo Tamara, é comer ovos de manhã. Comer só um pão, que é carboidrato, pode incentivar o pico de insulina.

EXERCÍCIOS — Quem treina intensamente tem maior gasto de energia. Então, para esse grupo, o ideal é não passar longos intervalos sem comer, diz Gabriela.
Fonte: Extra

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